as dúvidas dos estudantes e do mundo corporativo são as mesmas: “comofas”?

21 09 2008

Ontem eu jantei com um casal de amigos que tem dois filhos. Certa hora da noite, o papo da mesa foi se encaminhando para o lado do Orkut. Nessa momento, a mãe dos meninos comentou que a tia (irmã dela) reclamou o “chute na canela” recebido pelo sobrinho por bisbilhotar a vida do guri.

“Meus tios”, disse o garoto com desdém, “acham que eu sou bobo. Ficam investigando os meus passos como se eu não soubesse, ao invés de simplestemente conversarem comigo”, contestou. Sorri e continuei ouvindo suas argumentações. Pouco tempo depois a mãe disparou uma pergunta: “se ele fosse seu filho, que conselho você daria para ele escolher uma profissão?”

Assim que ouvi a questão, inevitavelmente me lembrei de um workshop que fiz recentemente para um grupo de executivos de Recursos Humanos (RH). Eles queriam entender porque os estudantes de ensino médio tendem a escolher, em maior escala, os cursos de Biomédicas e Humanas, em detrimento aos de Exatas. A consequência disso é que já falta mão-de-obra para atender ao mercado.

Comecei minha apresentação com as consistentes conclusões levantadas pelo meu sócio Gustavo Jreige no Orkut:

Precisa ser muito bom em matemática para conseguir seguir na área;

Faltam informações precisas sobre as profissões. Isso gera confusão entre os cursos;

Os cursos de informática são feitos para homens;

Existe uma dificuldade para perceber a vocação;

Os cursos universitários são de baixa qualidade, básicos demais e com professores ruins;

A pessoa que trabalha com isso passa o dia todo no computador;

Tecnologia é hobby e não trabalho;

Dá para trabalhar com informática mesmo sem formação;

Existe concorrência entre profissionais de curso superior e técnico;

O mercado é próspero e amplo, com boas possibilidades de emprego.

Expliquei logo no início que essa não era a minha especialidade, mas conferi nos primeiros minutos se as conversas refletiam a dura realidade enfrentada por eles em seus setores de atuação. Ao término da última linha, ouvi alguns sorrisos de confirmação.

Minhas conclusões comuns ao jantar e à apresentação feita para os profissionais de RH:

  • As comunidades expressam as reais razões comportamentais das pessoas. Elas devem ser ouvidas e respeitadas;
  • Os jovens gostam de falar com pessoas e não com marcas, por mais que elas valham bilhões;
  • O alinhamento da linguagem, cultura e transparência são cruciais nesses casos;
  • As marcas, em muitos mercados, vivem num ambiente de commodities. Isso faz com que surjam diferentes nomenclaturas para as mesmas coisas, como forma de descolamento de imagem. No final do dia, elas mais servem para confundir as pessoas do que mostrar diferenciais competitivos;
  • Os pais preocupam-se com as carreiras de valor que gerem estabilidade ($$). Os filhos, com aquelas que gerem prazer (:p);
  • As conversas “olho-no-olho”, continuam imprescindíveis. Quem tem uma boa referência no mercado, carrega consigo a responsabilidade de orientar a nova geração, sem ver isso como um fardo;
  • Ainda me irrita certas conversas paralelas reforçando que as mídias sociais são feitas somente para “moleques”. Mas se um dia, no passado, duvidaram que os automóveis seriam usados em escala, então tudo é passível de tolerância.
  • Entre nessa discussão. Seria importante ouvir sua opinião. Fico no aguardo.