vamos conviver com os princípios complementares da comunicação

18 10 2009

yin yang

[ilustração by dalehugo]

Qual a relação entre Yin/Yang e o momento da comunicação que vivemos hoje? O conceito dos Princípios Complementares prega que duas forças compõem tudo o que existe. E a partir do equilíbrio dinâmico entre elas surge o movimento e a mutação.

Pois bem, mídia social é uma novidade e, ao mesmo tempo, o dilema para o mundo corporativo. Existem barreiras culturais, tecnológicas e de infraestrutura separando o desejo em se experimentar com o medo de um projeto ser frustrante e não atender às expectativas do board de diretores.

À medida que o mercado evolui, fica cada vez mais difícil distinguir as “ondas voláteis” das “tendências”. Afinal, as duas ganham destaque na mídia e quando não estudadas deixam uma sensação de perda de oportunidade e atraso.

Tenho vivido situações curiosas. Em reuniões, por exemplo,  seguido do primeiro aperto de mão, troca de cartões e dos minutos iniciais para matar a curiosidade sobre a hype que é tal da “mídia social”, vem a etapa – por vezes antecipada – do “não faz sentido”:

  • [1] Não faz sentido convencer que o boca-a-boca (WOM) é parte da evolução da comunicação num mercado onde predomina a guerra (WAR) dos empurrões e domínios, pressão por posicionamento de marcas, ofertas e metas de vendas desafiadoras ano após ano.
  • [2] Não faz sentido valorizar as redes sociais, se os contatos de cada uma das pessoas da rede de interesse podem ser adquiridos num mailing list de empresas especializadas.
  • [3] Não faz sentido trocar o certo (tradicional) pelo duvidoso (leia-se mídia social).
  • [4] Não faz sentido misturar negócios com coisas informais (redes sociais).
  • [5] Não faz sentido trocar ações de curto prazo e “centenárias” por outras de médio e longo prazos, ainda incipientes.

De forma alguma eu cobro um alinhamento de percepções. Esse período deve chegar nos próximos anos. Mas quero sim compartilhar alguns aprendizados, relacionados aos tópicos acima.

  • A sociedade ainda não amadureceu o suficiente para perceber que as mídias sociais vieram para ficar, mesmo que a proposta seja de liberdade no sentido de ver, ouvir, aprender e conversar, independente do formato ou do meio.
  • Como decorrência dessa cultura, vivemos o momento do P2P (Pessoas-Pessoas), onde o B2B e o B2C ainda predominam, mas todos os três elementos se misturam e a influência importa mais do que o domínio.
  • Sendo o P2P algo tão atraente e encantador, nada melhor do que as redes sociais para proporcionar tal relacionamento, ainda mais porque elas existem de acordo com o perfil do público.
  • Apesar da liberdade e variedade dos meios, o P2P criou etiquetas tão naturais e sérias como aquelas aplicadas em rodas de conversa: peça licença para entrar, mantenha-se no tema da turma e não force a barra para que os outros te escutem. E, ao contrário dos mailings comprados, cada pessoa que gostar do papo, será atraída e sua marca (CPF ou CNPJ) inserida de forma legítima, sem linguagens fora de contexto ou materiais promocionais empurrados.
  • Agora, tudo isso dá mais trabalho sim, pois nenhum relacionamento é mantido sem contato, sem trocas de conhecimento e sem valor agregado. Nada frio é duradouro. Nós mesmos estamos cansados de jogar malas diretas no lixo e email marketing de produtos, marcas, promoções e eventos na pasta de spams.

As coisas centenárias merecem toda a nossa gratidão pelos bons serviços prestados. Agora é o momento de renovação gradativa, onde o tradicional e o novo compõem um mix. Falar em revolução ainda considero prematuro e radical. E nesse momento, volto ao conceito dos Princípios Complementares. Um não elimina o outro, mas juntos criam uma sinergia sem precedentes na história da comunicação. Vivemos o desafio de gerar resultados num cenário WAR, mas aposto no WOM, como forma predileta do relacionamento humano.


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7 responses

21 10 2009
leobraganca

Concordo muito com a renovação gradativa e de ser contra a revolução pragmática, Mário. Só uma dúvida: Você fala em “sociedade” não ter amadurecido. Você realmente amplia isso à sociedade? Tem se falado muito é que as empresas é que não querem amadurecer (e acordar) a esse fato, como aquele caso da Kryptonite (http://tr.im/Cv4g).

Abraço

21 10 2009
msoma

Leo,
No meu contexto de sociedade eu nem separo pessoa física de jurídica. Na verdade, as pessoas estão em vários ambientes e locais e nem se dão conta disso. Apesar dos bons números que saltam aos olhos sobre mídia social e seus usuários, acredito que o mercado ainda tem muito o que evoluir e isso deve acontecer nos próximos anos. Abs.

29 10 2009
bartira

Adoro o conceito de complementaridade. Acredito que ele não seja transitório. Acredito que o testar e aprender é uma prática nova, e fazendo uma provocação aqui, sinto que nós profissionais em geral antes de aprender estamos querendo mesmo é mostrar o tal do resultado. O resultado mesmo que é vender produto, agregar valor às marcas, … é mensurado de uma maneira subjetiva, pela lembrança do consumidor, que foi estimulado por uma série de ações que construiram uma lembrança que em uma pergunta objetiva ele tende a endereçar a algum meio que lhe seja mais comum ou alguma peça que esteja mais presente em sua lembrança. O que achei mais legal neste post é que falamos de integração e não de ‘isso é melhor que aquilo’. Nosso mercado está mudando, os profissionais estão mudando, o mundo está mundando, e na minha opinião é por isso que o nosso discurso na hora de vender um projeto e de apresentar os seus resultados também tem que mudar.

9 11 2009
Marcos Masini

Olá Soma,

Cheguei até aqui por indicação do Augusto (em resposta a um comentário meu deixado em um texto dele)

Pretendo voltar mais vezes para compartilhar, multiplicar e também respirar um pouco de do seu conhecimento e de suas ideias.

Abraçosssssss

9 11 2009
msoma

Marcos, bem-vindo. Adoro aprender e compartilhar, além de multiplicar conhecimento. Abs.

9 11 2009
Augusto Pinto

Mário, essa idéia do Yin e Yang, masculino e feminino, retratam muito bem os papéis e a complementaridade da mídial social e da mídia tradicional. A mídia social é Yin, no sentido de sua resiliência, de sua disposição para interagir, escutar. Já a mídia tradicional é bem Yang, na sua agressividade, na sua tendência em comunicar unilateralmente. Mas, nenhum dos dois princípios é pleno sem o outro. A mídia tradicional precisa da mídia social para entender melhor seu público-alvo e aumentar sua assertividade. A mídia social precisa da mídia tradicional para direcionar mais diretamente as mensagens que cada público-alvo espera receber. Como na vida real, o elemento masculino se acha mais forte e poderoso, o que não é necessariamente verdadeiro. Existe muito “food for thought” na sua analogia, que é bem adequada.

13 11 2009
msoma

Muito boa a sua análise Augusto e agregou valor ao contexto do post. Abs.

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